segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sob suspeita: Sibutramina é retirada dos mercados da Europa, Austrália e América do Norte

Em 1997, a sibutramina foi aprovada pelo FDA e dois anos depois pela EMA (European Medicine Agency), agência reguladora da União Europeia. 

Em janeiro deste ano, após a publicação dos dados preliminares do estudo SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcomes Trial), a EMA decidiu proibir a comercialização da sibutramina em todo o bloco, o FDA  exigiu a inclusão de novas contraindicações na bula do produto, para evitar a prescrição do remédio a pacientes com histórico de doença cardiovascular e/ou diabetes tipo 2 e a ANVISA divulgou um alerta orientando os médicos evitar

Recentemente, o FDA solicitou ao fabricante a retirada do produto do mercado norte-americano. O laboratório Abbott também removeu o medicamento do Canadá e da Austrália. Essa atitude decorreu do impacto negativo dos resultados finais do estudo SCOUT, realizado com cerca de 10 mil pacientes de 55 anos ou mais com doença cardiovascular ou diabetes tipo 2 pré-existentes, avaliados ao longo de seis anos, que concluiu que o risco de desenvolver enfermidades cardiovasculares (como derrame e infarto) era 16% maior nos pacientes que utilizaram o remédio em relação aos tratados com placebo. Portanto, a utilização da sibutramina não se justificaria diante de um risco muito alto para perda mínima  de peso .

No Brasil, a Anvisa emitiu nota informando que está acompanhando a alteração no posicionamento das diversas agências reguladoras e mantém as restrições à venda do medicamento impostas em março deste ano. “Algumas agências reguladoras mudaram seu posicionamento quanto à permanência no mercado da sibutramina. Todas as medidas estão sendo tomadas no sentido de elucidar os níveis de segurança da sibutramina para os usuários brasileiros”, informa. A Abbott ainda não se pronunciou oficialmente sobre a venda do Reductil no Brasil.

A questão que me parece central é: por que uma pesquisa realizada com individuos com idade acima de 55 anos, com doença cardiovascular pré-existente, é decisiva para retirada de uma substância utilizada por pessoas com idade inferior a do estudo, sem histórico de doença cardiovascular, que, porventura, necessitam de auxilio de medicamento durante o processo de emagrecimento? Não estou de forma alguma defendendo a Sibutramina. Todavia, me coloco como expectadora do futuro para poder responder minha questão. Quem sabe não há por trás uma grande estratégia de marketing da indústria farmacêutica para impulsionar a própria sibutramina ou o lançamento de um novo produto, que deverá ser lider de mercado nos próximos anos?

Vamos esperar os acontecimentos...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A saúde agoniza em Belém

Qualquer profissional de saúde comprometido fica indignado diante do descaso com que o município de Belém tem tratado a saúde e, em especial, a assistência farmacêutica. Em tempos idos, a capital do Estado do Pará passou por uma verdadeira revolução na área, marcada pela ampliação da rede de serviços em todos os níveis de atenção (primária, secundária e terciária), o que trouxe no seu bojo o incremento e de programas e ações de saúde e de recursos humanos e materiais. Só para citar exemplos dessa revolução, no governo anterior foram implantadas 96 equipes da Família Saudável, a Casa da Mulher, a Casa de Saúde Bucal, a Casa do Idoso, a Casa Mental para adultos, Casa Mental da Criança e Adolescentes e Casa Mental Álcool e outras Drogas, bem como foi reformado e ampliado o Hospital do pronto Socorro da 14 de março e construido o Pronto Socorro do Guamá.

Na assistência farmacêutica o cenário também era bem melhor que o atual. A gestão anterior implantou um Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM Belém), elaborou e divulgou o Memento Terapêutico de Belém para todos serviços de saúde, inaugurou uma das maiores Centrais de Abastecimento Farmacêutico (CAF) do país, além da ampliação expressiva do número de profissionais farmacêuticos nas unidades de saúde e nos prontos-socorros.

Hoje o cenário é bem diferente. Se não bastasse a precaridade do atendimento à população e as péssimas condições das unidades de saúde e das farmácias, estamos vendo um verdadeiro festival de incompetência e corrupção desenfreada. A rede de saúde está sucateada, os profissionais de saúde são submetidos à condições expúrias de trabalho, faltam medicamentos e as pessoas morrem na frente das câmeras de televisão. Sabem o que é pior? Ninguém faz nada. Onde estão as autoridades deste Estado?

Recentemente, a SESMA decidiu "terceirizar" a Assistência Farmacêutica de Belém, transferindo o gerenciamento de toda a cadeia dos medicamentos básicos do município para a administração privada. A Central de Abastecimento Farmacêutica, aquela que fora uma das melhores do país, foi fechada, os servidores contratados foram destratados e os efetivos lotados na rede de serviços de saúde. Quem vai garantir a qualidade dos medicamentos que os usuários do SUS de Belém vai receber? A privatização da assistência farmacêutica era a melhor saída para os problemas de abastecimento de medicamentos? E os medicamentos distribuidos pelo Ministério da Saúde, como por exemplo os medicamentos estratégicos, onde serão armazenados? Perguntas sem respostas.

Penso que todos nós, gestores comprometidos, trabalhadores de saúde e usuários, devemos nos unir em torno da defesa do nosso patrimônio: o Sistema Único de Saúde (SUS). Informe-se melhor sobre o assunto, fale com os seus amigos e vizinhos e denuncie!